Estou em uma caixa de espinhos, minha pele começa a acostumar-se com o ardor. Perdi a noção dos dias, pois não há janelas, apenas uma pequena porta de aço. É da fresta dessa porta que raramente recebo uma luz, mais raramente ainda a porta é aberta e um tipo de ração, ou pior, é jogado porta a dentro. Pelo menos é algo além de folhas para eu comer.
O cômodo onde sobrevivo tem quatro paredes e um teto não muito alto. As paredes devem ter aproximadamente dois metro de comprimento cada. O quarto é completamente forrado de espinhos, cada milímetro do chão, das paredes, o teto e até mesmo a porta de aço, a qual só se revelava quando acendem a luz e quando por de baixo dela a luz se manifestava no cômodo.
Nos primeiros dias a luz ficou constantemente acesa os espinhos furavam a minha pele lisa. Eu tentava arrancar os galhos de espinhos com as mãos para chegar ao chão, desisti quando havia removido três camadas de espinho, que revelaram ser muito firmes, e minhas mãos banhavam o lugar com sangue.
Tentei entrar em contato com os espinhos o mínimo possível, mas não havia mínimo. Vez houve que o cansaço me vencera e eu que estava de pé caíra gentilmente sob os espinhos, fora difícil me levantar aquela primeira vez que me acontecera isso.
Com o tempo comecei a acostumar-me com meu corpo sangrando, latejando, minhas mãos já calejaram e não sinto mais tanta dor quando os espinhos me furam. Contudo o sangue ainda jorra.. A dor de ter os espinhos perfurando-me constantemente é imensurável.
As folhas que por vezes nascem daqueles galhos indesejáveis são amargas de uma amargura tão grande a ponto de fazer-me continuar sofrendo de fraqueza pela dor e pela fome do que come-las.
Tão ruins são esses espinhos, houve também vez que fiquei muito tempo parada no mesmo lugar que o sangue parara de escorrer, os espinhos se prenderam com vivacidade a minha pele, senti como se eu fosse uma extensão daquele antro de dor. Talvez eu seja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário